COMO AS URBAN FARMS INFLUENCIAM A MODA?
- Victória Miraglia
- 27 de abr. de 2018
- 3 min de leitura

Disponível em: Revista Catarina
Quando falamos em hortas urbanas, destacamos questões demográficas e de viabilidade econômica, como falamos na matéria “fazendas urbanas life style green em grandes metrópoles”, mas a nova forma de produção vai muito além, ela é um reflexo das mudanças de pensamento da sociedade atual, e ganhou muita força com a influência das gerações mais novas.
Os Millennials têm um grande papel nessa nova vertente comportamental, agindo como porta vozes em defesa da compra de produtos responsáveis, de acordo com a pesquisa feita pela Cone, cerca de 85% dos Millennials dos EUA são a favor de uma economia consciente e compartilhada, que são os princípios da criação das urban farms em centros urbanos. Ao trazer a cultura do plantio para as cidades, é gerada uma aproximação entre o alimento e o processo de cultivo, influenciando em como percebemos o valor real dos alimentos que estão em nossa mesa.
O conceito Farm to Table caminha junto com a proposta das hortas urbanas, já que fomenta o uso de produtos produzidos de forma local em restaurantes ao redor do mundo. Além de buscar fornecedores locais, vários chefs estão implementando hortas próprias em seus restaurantes, tornado a experiência ainda mais exclusiva, pois a produção muitas vezes muda para se adaptar aos novos cardápios propostos, além de oferecer total transparência para os clientes sobre a procedência dos ingredientes.
Transparência com o consumidor é o cenário dominado pelos Gen Z, que tem esse valor como uma das principais filosofias de vida e como fator decisivo de decisão de compra. A relação com os alimentos que os nascidos nessa geração tem é equivalente com a sua relação com as roupas, eles buscam produtos que realmente façam sentido no seu universo de consumo, e que sigam os princípios que julgam ser corretos.
Apesar de parecerem distantes o mercado alimentício e de moda tem muito em comum, pois ambos fornecem experiências de consumo muito intensas e que muitas vezes operam no emocional dos seus clientes. Um projeto que entendeu essa relação tão próxima foi o Primavista idealizado pela empresa têxtil TexPrima, que funciona como um laboratório de tendências para a marca.
O Primavista realiza por meio de viagens em todos os cantos do Brasil, sua pesquisa, e busca extrair cores, texturas e histórias de lugares em que arte, cultura, natureza e tecnologia se conectem, ressignificando o espaço e criando novos conceitos. O objetivo do projeto é procurar lugares onde pessoas criativas, artistas, designers e quem mais se interessar façam suas releituras das culturas locais.
O terceiro projeto de pesquisa que está em desenvolvimento este ano, aborda a temática das hortas urbanas, e reflete o comportamento dos novos tempos: as urban farms como fonte de inspiração para a moda. Ocupar-se de um espaço é, além de um ato de resistência, uma tendência que motiva e inspira as relações entre as pessoas e seus modos de consumir alimentos, cultura, arte e moda. Em São Paulo, cidade escolhida para o terceiro voo do PrimaVista, os muros cinzas começam a ser contestados e passam a dividir espaço com a riqueza das cores, aromas e sabores das hortas urbanas. A iniciativa pretende utilizar toda a riqueza de informações coletadas durante a pesquisa para o desenvolvimento das tendências para reger as próximas coleções. A marca defende a importância dos tecidos para contar uma história, para expressar por onde passamos, o que sentimos e onde queremos chegar.
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